DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA
- sensoresunifei
- 26 de mar. de 2020
- 2 min de leitura

No passado, a graduação em engenharia era vista como o término na formação de um profissional. Contudo, hoje sabemos que a graduação é na verdade apenas um dos inúmeros estágios do processo contínuo de aprendizagem do engenheiro.
Ao serem feitas reflexões sobre os currículos de cursos de Engenharia no Brasil, observa-se carência de profissionais na área. Atualmente se formam em média 38 mil engenheiros por ano, sendo que a demanda é de cerca de 60 mil. Essa insuficiência pode ser explicada devido a diversos motivos, como as altas taxas de evasão e de reprovação nos primeiros anos dos cursos de Engenharia ou ainda o deslocamento dos engenheiros, depois de formados, para outras áreas de atuação, como a gestão de uma empresa, por exemplo.
É comum o aluno questionar se o que está fazendo merece todo aquele tempo gasto em aprender, se esforçar e tentar por não ver razão no objeto de aprendizado. Isto é comum desde o ensino fundamental e pode levar, no pior dos casos, à evasão aos estudos, seja da escola ou da universidade. Portanto, a educação enfrenta uma carência de contextualização, o que é essencial para o engajamento do aluno. Um ensino contextualizado das CBM (Ciências Básicas e Matemática) nos cursos de Engenharia pode favorecer aos estudantes a construção de seus próprios conhecimentos, estruturados e não fracionados, com amarras firmes, duradouras e não voláteis, alcançando então aprendizagens significativas.
A discussão a respeito de necessárias reformulações estruturais dos cursos de Engenharia passa, em primeiro lugar, por reflexões a respeito das distribuições das disciplinas de CBM nas matrizes curriculares. Usualmente estas disciplinas concentram-se nos primeiros períodos do curso, o que dificulta significativamente uma abordagem contextualizada, uma vez que, nestes momentos de suas formações, os conhecimentos específicos dos estudantes ainda são reduzidos. A Álgebra Linear, por exemplo, revela o seu potencial ao estudante apenas quando o mesmo se depara com suas aplicações em processamento de imagens, circuitos, estatística multivariada, etc. Mas como estabelecer tais vinculações e consequentemente dar significado aos conceitos da disciplina logo nos primeiros semestres da graduação? Uma forma de resolver este problema é repensar os currículos das engenharias de maneira a distribuir as CBM de forma mais consistente ao longo do curso. É preciso considerar, inclusive, que nem todas as modalidades de Engenharia precisam ter os mesmos currículos com relação às disciplinas de CBM; isso, aliás, não faria sequer sentido, uma vez que as especificidades de cada modalidade devem ser levadas em conta. Desta maneira, em cada um dos cursos, as disciplinas de CBM, em maior ou menor número e abordadas também com diferentes níveis de profundidade, podem ter localizações diferenciadas nas matrizes curriculares.
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